Vale vende mais 4 meganavios para China
- Por Agência Portuária de Notícias
- 10 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

SÃO LUÍS. A Vale efetuou a venda de mais quatro navios VLOCs (Very Large Ore Carriers), os chamados Valemax, com capacidade de 400 mil toneladas, no mercado internacional. Dessa vez para um consórcio liderado pela ICBC Financial Leasing, subsidiária do Industrial and Comercial Bank of China. A transação totalizou U$ 423 milhões.
Em Julho desse ano, a Vale já havia vendido outros quatro VLOCs para a China Merchants Energy Shipping, um dos maiores operadores de transporte marítimo do mundo. Esta transação totalizou U$ 448 milhões. Anteriormente, em Maio, a companhia brasileira também se desfez de mais quatro navios de mesmo porte para a Cosco (China Ocean Shipping Company), uma estatal chinesa com forte atuação no transporte e logística de granéis sólidos no mundo. O valor desta última transação foi de U$ 445 milhões.
As transações fazem parte da estratégia da Vale de vender ativos que não sejam ligados diretamente ao seu core business. O objetivo é vender os navios e afretá-los do comprador em contratos de longo prazo. Dessa forma, a companhia brasileira poderia fazer o caixa necessário para enfrentar os seus desafios. O primeiro deles é levantar o capital necessário para conclusão do mega projeto S11D. Projeto que consiste, entre outras coisas, na expansão da infraestrutura para exploração de Carajás, na expansão dos terminais portuários e na duplicação da ferrovia. Trata-se de um investimento sem volta pelo volume de recursos já aportados, além de ser fundamental para a competitividade da Vale no mercado internacional.
O segundo desafio é o baixo preço do minério de ferro no mercado mundial. Na segunda semana de dezembro desse ano, a cotação para entrega imediata do minério no Porto de Tianjin bateu a casa de U$ 38,30 a tonelada, o menor valor já registrado pelo The Steel Index (TSI), que iniciou a contagem histórica do minério em 2008.
O cenário é de excesso de oferta do minério e indica que a economia chinesa tende a desacelerar ainda mais. Nessa perspectiva, sobreviverá quem conseguir produzir com o menor custo. A priori, Vale, Rio Tinto e BHP Billiton estariam em vantagem competitiva, em contraposição às mineradoras de pequeno e médio porte. Resta saber durante quanto tempo elas suportarão a pressão de margens tão reduzidas de lucro.
Vale lembrar que, no começo de 2015, perguntaram a Sam Walsh, CEO da segunda maior exportadora de minério de ferro do mundo, a Rio Tinto, se o minério de ferro poderia chegar a U$ 30 por tonelada e ele, em entrevista à Bloomberg Television, disse que “Isso é fantasia. Simplesmente não pode acontecer!”. Para quem estava cotada a U$ 135 no final de 2013 e bateu os U$ 38,30 no final de 2015, não parece nada impossível chegar na casa dos U$ 30 em 2016, embora, nesse caso, os custos possam ultrapassar em absoluto as margens de lucro. Nessa hipótese, a disputa seria para saber quem teria mais gordura para queimar e suportar saldos negativos por mais tempo.

Comentários